sexta-feira, 15 de julho de 2011

O outro lado da crise

É muito interessante para um brasileiro viver qualquer experiência no exterior, seja por quanto tempo for, digo isso claro, excluindo as excursões turísticas, quando se fica 1 ou 2 dias em uma cidade e em seguida parte-se para outra.

Quando falo de experiência, refiro-me a viência, a análise dos costumes e tradições de um povo, desprendendo-se e despindo-se de qualquer preconceito ou julgamentos prévios e aceitando com o máximo respeito a cultura do novo.

Nessa expêriencia totalmente desprovida de certezas de sua cultura, é possível absorver o melhor e o pior do país adotivo, da melhor maneira: Aquela que te fará crescer.

Tento sempre viver com os olhos de uma criança, lógico algumas coisas das culturas que conheci eram insuportáveis pra mim, mas a lugar nenhum me levaria criticar ao invés de tentar entender, e isso me fez crescer e abrir ainda mais meus olhos curiosos.

O momento atual é de crise, a europa vive um pesadelo que já atingiu, Grécia, Portugal, Espanha e agora bate às portas italianas, entretanto ainda que em crise, somente agora anunciada, o povo nas ruas européias já respirava o ar do futuro negro que estava por vir. Acredito que internamente na vida do cidadão comum essa já era uma crise anunciada e que todos já estavam, ainda que indiretamente, preparando-se para tal.

O interessante é que mesmo vivendo momentos tubulentos os europeus com seus salários congelados, ainda possuem o poder de compra, o salário médio na Itália por exemplo, é de 1200 euros e com 7 mil se compra um carro novo. Para quem não se pode permitir tamanha folia, com 1000 euros ou até mesmo (pasmem!) 500 euros também é possível ter seu carrinho.

Em contrapartida, segundo divulgou o IBGE em novembro de 2010, o salário médio de nós brasileirinhos, não ultrapassa R$ 1472,10*  (considerando que praticamente, so Rio e São Paulo estão nessa média ou a conseguem superar) e que para nós comprarmos um carrinho novo, não gastaríamos menos de R$ 23.000,00 já um usado em boas condições, raramente se encontra por uma soma inferior a R$ 16000,00.
É possível na Europa, gastar mensalmente com alimentação (aquela feirinha nossa de cada semana) para uma família de 2 ou 3 pessoas, o equivalente  a  240/250 euros, já no Brasil esse gasto gira em torno de R$ 530/550. É amigos, viver no Brasil embora não pareça, é LUXO!

O caro leitor pode pensar “mas se eu mutiplico por 2,2 ou 2,3 – média do euro/real – os valores acabam sendo quase iguais”, mas reforço que minha comparação aqui é PODER DE AQUISIÇÃO SALARIAL, somente para analisar um continente que está em crise, com nosso amado país que está crescendo e abrir a mente daqueles que me leem para reivindicar salários dignos, lutar para que o nosso poder de compra seja forte e sobretudo para que ao final de um mês de excessivo trabalho, a dignidade nos acompanhe no momento de receber nosso suado salário.
 

(*Salário médio em agosto de 2010 em Recife foi de R$ 1.078,10; Salvador R$ 1.231,90; Belo Horizonte R$ 1.396,40; Rio de Janeiro R$ 1.522,20; São Paulo R$ 1.580,10; Porto Alegre R$ 1.421,50. - Fonte IBGE)